sábado, 12 de junho de 2010

Banco de Lembranças


Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo dia às 08 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente maquilhada, apesar de sua pouca visão.
Hoje ela se mudou para uma casa de repouso: o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e não havia outra solução...

Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andarilho em direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela.

Ela me interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho.

- Ah, eu adoro essas cortinas...

- Dona Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... Espera um pouco...

- Isto não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo.
Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem...
Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.

- Simples assim?

- Nem tanto; isto é para quem tem autocontrole e exigiu de mim um certo 'treino' pelos anos a fora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em conseqüência, os sentimentos.

Calmamente ela continuou:
- Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica.. Depois me pediu para anotar:

Como manter-se jovem:
Deixe fora os números que não são essenciais. Isto inclui a idade, o peso e a altura.
Deixe que os médicos se preocupem com isso.

Mantenha só os amigos divertidos. Os depressivos puxam para baixo.
(Lembre-se disto se for um desses depressivos!)

Aprenda sempre:
Aprenda mais sobre computadores, artes, jardinagem, o que quer que seja. Não deixe que o cérebro se torne preguiçoso.
'Uma mente preguiçosa é oficina do Alemão.' E o nome do Alemão é Alzheimer!

Aprecie mais as pequenas coisas

Ria muitas vezes, durante muito tempo e alto. Ria até lhe faltar o ar.
E se tiver um amigo que o faça rir, passe muito e muito tempo com ele / ela!

Quando as lágrimas aparecerem aguente, sofra e ultrapasse.
A única pessoa que fica conosco toda a nossa vida somos nós próprios.
VIVA enquanto estiver vivo.

Rodeie-se das coisas que ama: Quer seja a família, animais, plantas, hobbies, o que quer que seja.
O seu lar é o seu refugio.

Tome cuidado com a sua saúde:
Se é boa, mantenha-a..
Se é instável, melhore-a.
Se não consegue melhora-la , procure ajuda.

Não faça viagens de culpa. Faça uma viagem ao centro comercial, até a um país diferente,
mas NÃO para onde haja culpa.
Diga às pessoas que ama que as ama a cada oportunidade.


Texto de autor desconhecido redebido por mail. Obrigada Arlete!

12 comentários:

  1. Só faltou uma indicação: manter-se o maior tempo possível apaixonada. É santo remédio pra tudo!

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  2. Querida Tite,

    Já me tinha passado cá por casa, se calhar foste tu que me enviaste o mesmo mail.

    Que delícia de texto, não é???
    Se todos olhassem assim a velhice era fantástico!!!
    Olha, a começar por mim ...

    Beijinhos
    Bom Domingo

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  3. Pitanga

    Tens toda a razão! E viver apaixonada nem sequer é obrigatório que seja por um homem (o nosso) pode ser pelos filhos, pelos netos, pela Vida, enfim... por tudo o que nos rodeia.

    Ná amiga

    Estes textos que me passam pelas mãos e falam sobre a velhice tocam-me de uma maneira muito forte.
    Como nunca tive ninguém por perto que sofresse desta terrível doença que é o Alzheimer, tenho uma atitude de respeito e muito medo. Toda a vida usei a memória em demasia, penso hoje que me sinto cansada por isso mesmo e tenho inúmeras "brancas" que me incomodam e me deixam na dúvida do que isso significa.
    Por outro lado, sendo uma pessoa tão activa, tão curiosa por tudo o que me rodeia e continuando este agradável convívio com tantos amigos que conquistei virtualmente, espero preservar a lucidez pelo tempo suficiente enquanto viver, para não incomodar os que me estão mais próximos que certamente ficariam chocados, sendo eu a tagarela que eles tão bem conhecem.

    Vou mesmo seguir estes conselhos da Dona Cacilda e esperar com isso afastar o Alemãozinho rsrsrs

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  4. Aos 90 anos, a minha mãe tinha um espírito como o da D.Cacilda. Hoje, com 95, está bastante diferente. Estaria melhor num lar, mas insiste em permanecer num casarão enorme e nem quer ouvir falar em lares. Compreendo-a mas...

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  5. humm nao posso ler nada que se refira à velhice sem pensar na minha tia. ainda há dias recebi um mail sobre o assunto e chorei, poça estou hormonal ou sentimental muito sensível.kis :)

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  6. Amiga, estou retribuindo a sua amável visita ao meu humilde cantinho, é sempre uma alegria enorme ver chegar mais uma amiga.

    "Sem amigos ninguém escolheria viver, mesmo que tivesse todos os outros bens." Aristóteles

    Também eu gostei muito do seu blog e terei muito prazer em ser sua seguidora.
    bjs do tamanho do infinito
    Maria

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  7. É tão bom, manter sempre este tipo de atitude na vida...

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  8. Que pessoa linda que a Dona Cacilda é...acho que todos precisamos aprender mais com pessoas lindas como ela...

    que lindo Tite!

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  9. Ai a velhice! Lido mal com os velhos que normalmente não são como a D. Cacilda. O meu pai morreu com 49 anos e a minha mãe com 62. De repente, ambos. Estão a ver:nem quero pensar na minha velhice - tenho medo de dar trabalhos. On verá...

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  10. Este texto é uma verdadeira delícia. Eu já o conhecia, creio mesmo que o tenho gravdo, mas gostei de reler.
    Grande lição nos dá a Dona Cacilda!
    Um exemplo a seguir.

    Boa semana. Beijinhos

    PS - Tité, muito obrigada pelo teu comentário na minha "CASA".
    Gostei imenso, e estou 100% de acordo com as ideias que expões.
    Mais um beijito de boa noite

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  11. Uma grande lição de resistência às adversidades, assim a vida seria mais fácil!
    Obrigada pela partilha!

    Abraço

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  12. Coisa linda, hem amiga?
    Que bom seria, se para todos, juntamente com a idade, viesse toda essa sabedoria.

    Quanto à Copa do Mundo, obrigada pelos parabéns, mas futebol você sabe como é...até o último momento, não se dá prá ter certeza de nada.

    Enfim... Que vença o melhor!...rs


    Um forte abraço prá você, e tudo de bom.

    Cid@

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