quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tempo de Sophia

...ou tempo de sabedoria.

Parque dos Poetas - Oeiras

Não querendo deixar passar esta data em que o espólio de Sophia de Mello Breyner Andresen será oficialmente doado pela família da escritora à Biblioteca Nacional, em Lisboa, deixo o poema mais popular desta mulher das letras que tão empenhadamente lutou, em vida, por causas sociais que continuam por resolver senão mais agravadas nos tempos incertos que atravessamos.

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não

Sophia de Mello Breyner Andresen

9 comentários:

  1. "Porque os outros se compram e se vendem
    E os seus gestos dão sempre dividendo.
    Porque os outros são hábeis mas tu não."

    Faço deste trecho um lema de vida!!!

    Bjs

    ResponderEliminar
  2. Hi,

    I begin on internet with a directory

    ResponderEliminar
  3. há alguém que canta esses versos! ZEca Afonso, só pode!
    lindo

    ResponderEliminar
  4. É sempre tempo de lembrar Sophia mas ontem foi um dia especial!
    Ela foi das que não calou!

    Abraço

    ResponderEliminar
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  6. RSM

    Quem dera que todos assim fizessem.

    AVOGI

    Quem cantou estes versos foi Adriano Correia de Oliveira.

    Rosa dos Ventos

    Efectivamente este foi um pretexto para nos lembrarmos MAIS dela.

    Beijossssss

    ResponderEliminar
  7. Minha amiga:
    Este poema é um hino. Adoro todos seus seus poemas, uma mulher notável e que nos orgulha.
    A Biblioteca Nacional vai ficar muito mais rica, sem dúvida.
    Excelente post.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  8. Maravilhosa Shophia.
    Estes também são dela muito difundidos pelo Francisco Fanhai(O Pde. Fanhais)


    Cantata de paz

    Vemos, ouvimos e lemos
    Não podemos ignorar
    Vemos, ouvimos e lemos
    Não podemos ignorar

    Vemos, ouvimos e lemos
    Relatórios da fome
    O caminho da injustiça
    A linguagem do terror

    A bomba de Hiroshima
    Vergonha de nós todos
    Reduziu a cinzas
    A carne das crianças

    D'África e Vietname
    Sobe a lamentação
    Dos povos destruídos
    Dos povos destroçados

    Nada pode apagar
    O concerto dos gritos
    O nosso tempo é
    Pecado organizado.


    Ass.: Terezinha

    ResponderEliminar
  9. Palavras poéticas que continuam tão actuais que até me arrepiam, infelizmente.

    Jinhos Teresinha

    ResponderEliminar



Agradeço a vossa visita e os vossos comentários.

Volte sempre!!!!!!