sexta-feira, 25 de março de 2011

Uma anedota?

Nãããããããão! Apenas uma caricatura que vale a pena ler...

está … o verdadeiro retrato da GERAÇÃO À RASCA.



- Então, foste à manifestação da geração à rasca?

- Sim, claro.

- Quais foram os teus motivos?

- Acabei o curso e não arranjo emprego.

- E tens respondido a anúncios?

- Na realidade, não. Até porque de verão não dá jeito: um gajo vai à praia, às esplanadas, as miúdas são giras e usam pouca roupa. Mas de inverno é uma chatice. Vê lá que ainda me sobra dinheiro da mesada que os meus pais me dão. Estou aborrecido.

- Bom, mas então por que não respondes a anúncios de emprego?

- Err...

- Certo. Mudando a agulha: felizmente não houve incidentes.

- É verdade, mas houve chatices.

- Então?

- Quando cheguei ao viaduto Duarte Pacheco já havia fila.

- Seguramente gente que ia para as Amoreiras.

- Nada disso. Jovens à rasca como eu. E gente menos jovem. Mas todos à rasca.

- Hum... E estacionaste onde? No parque Eduardo VII?

- Tás doido?! Não, tentei arranjar lugar no parque do Marquês. Mas estava cheio.

- Cheio de...?

- De carros de jovens à rasca como eu, claro. Que pergunta!

- E...?

- Estacionei no parque do El Corte Inglês. Pensei que se me despachasse cedo podia ir comprar umas coisinhas à loja Gourmet.

- E apanhaste o metro.

- Nada disso. Estava em cima da hora e eu gosto de ser pontual. Apanhei um táxi. Não sem alguma dificuldade, porque havia mais jovens à rasca atrasados.

- Ok. E chegaste à manif.

- Sim, e nem vais acreditar.

- Diz.

- Entrevistaram-me em directo para a televisão.

- Muito bom. O que disseste?

- Que era licenciado e estava no desemprego. Que estava farto de pagar para as reformas dos outros.

- Mas, se nunca trabalhaste, também não descontaste para a segurança social.

- Não? Pois... não sei.

- ….. E então, gritaste muito?

- Nada. Estive o tempo todo ao telemóvel com um amigo que estava na manif do Porto. E enquanto isso ia enviando mensagens para o Facebook e o Twitter pelo iPhone e o Blackberry.

- Mas isso não são aparelhinhos caros para quem está à rasca?

- São as armas da luta. A idade da pedra já lá vai.

- Bem visto.

- Quiriquiri-quiriquiri-qui! Quiriquiri-quiriquiri-qui!

- Calma, rapaz. Portanto despachaste-te cedo e ainda foste à loja Gourmet.

- Uma merda! A luta é alegria, de forma que continuámos a lutar Chiado acima, direitos ao Bairro Alto. Felizmente uma amiga, que é muito previdente, tinha reservado mesa.

- Agora os tascos do Bairro aceitam reservas?

- Chamas tasco ao Pap'Açorda?

- Errr... E comeram bem?

- Sim, sim. A luta é cansativa, requer energia. Mas o pior foi o vinho. Aquele cabernet sauvignon escorregava...

- Não me digas que foste conduzir nesse estado.

- Não. Ainda era cedo. Nunca ouviste dizer que a luta continua? E continuou em direcção ao Lux. Fomos de táxi. Quatro em cada um, porque é preciso poupar guito para o verão. Ah... a praia, as esplanadas, as
miúdas giras e com pouca roupa...

- Já não vou ao Lux há algum tempo, mas com a crise deve estar meio morto, não?

- Qual quê! Estava à pinha. Muita malta à rasca.

- E daí foste para casa.

- Não. Apanhei um táxi para um hotel. Quatro estrelas, que a vida não está para luxos.

- Bom, és um jovem consciente. Como tinhas bebido e...

- Hã?! Tu passas-te! A verdade é que conheci uma camarada de luta e... bem... sabes como é.

- Resolveram fazer um plenário?

- Quê? Às vezes não te percebo.

- Costuma acontecer. E ficaram de ver-se?

- Ha! Ha! Ha! De ver-se, diz ele. Não estás a ver a cena. De manhã chegámos à conclusão que ela era bloquista e eu voto no Portas. Saiu porta fora. Acho que foi tomar o pequeno-almoço à Versailles.

- Tu tomaste o teu no hotel.

- Sim, mas mandei vir o room service, porque ainda estava meio ressacado.

- Depois pagaste e...

- A crédito, atenção. Com o cartão gold do Barclays.

- ... rumaste a casa.

- Sim, àquela hora já não havia malta à rasca a entupir o tráfego.

PS - Melhor entendível por quem vive em Lisboa e conhece os locais, as distâncias e os espaços frequentados pela Juventude.

9 comentários:

  1. Amiga Tite:
    Em qualquer geração sempre haverá ovelhas ranhosas, mas felizmente também temos jovens que sabem o que querem e lutaram para o conseguir, se puder leia este exemplo:

    http://fepassaroazul.blogspot.com/2011/03/uma-resposta-acertada.html

    Beijinhos e bom fim de semana

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  2. Querida Fê,

    Não creio que se possa chamar ovelhas ronhosas à Juventude que não se mostra empenhada em procurar um futuro nem que seja, como fez o meu mais novo que, também ele demandou terras Africanas, para encontrar um rumo.

    Aqui acho que os que estão mesmo à rasca é a Geração que preparou e deu aos filhos condições diferentes das que teve mas que mimou tanto os filhos que estes nem lhes passa pela cabeça fazer algo que não tenha a ver com os cursos que fizeram.

    Os meus não quiseram aproveitar o que lhes proporcionei e depois... tiveram que correr atrás do prejuízo.
    Hoje são competentes no que fazem e merecem a confiança dos seus superiores.

    Fico feliz e tenho orgulho por isso.

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  3. Fê,

    Sobre este assunto ainda aconselho a leitura deste blog.

    http://assobiorebelde.blogspot.com/2011/03/geracao-rasca-nossa-culpa.html

    Bom Fim de Semana

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  4. Querida Tite, não sei se rir... se chorar!
    História, muito bem apanhada ;)
    Beijinhos e bom fim de semana :)

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  5. Pois é, Tite! É mesmo assim! No nosso tempo não era assim, pois não? E não podíamos fazer manifs...

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  6. No mais completo desacordo, excepto quanto a essa meia dúzia de ovelhas ranhosas !
    Tenho um filho à rasca que não foi mimado de maneira nenhuma pois não havia condições em casa para tal. Um sobrinho que está em África, completamente desenraizado, longe do Pai, da Mãe, dos irmãos, vai já para 5 anos.
    Antigamente não havia manifestações? Havia sim! E se não houvesse pernas para correr, o mais certo era ir parar na cadeia, em Caxias ou Peniche.
    Os tempos são é outros...

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  7. Amiga Tite:
    Fui espreitar o "assobio rebelde" e claro está que achei o texto muito interessante e correcto na análise.
    Como mãe tentei dar aos meus filhos a melhor formação possível, com muito sacrifício pessoal e económico, privando-me e privando-os de muitas coisas. Nunca foram de noitadas nem tiveram vícios,fizeram as licenciaturas e agora os mestrados em universidades públicas com excelente aproveitamento. Portanto apesar de terem muito mais do que eu tive, também não são uns privilegiados e mimados.
    Vamos lá ver o que o futuro lhes reserva, esta é a minha grande preocupação.
    Obrigada por me proporcionar este desabafo.

    beijinhos

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  8. Está um ótimo retrato, Tite !
    Foi uma geração muito mal habituada !
    A verdadeira geração à rasca é dos 40/50 que cai no desemprego ou no risco de lá caír ! Cheio de encargos, com uma vida familiar a sustentar, velhos para arranjar novo emprego e novos demais para a reforma, essa sim é a verdadeira geração à rasca !
    .

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  9. Querida amiga.
    As ovelhas ronhosas, fomos nós que demos tudo o que podiamos e não podiamos aos nossos rebentos e, não soubemos transmitir-lhes tudo quanto passamos. Se assim não fosse talvez hoje não gritassem tanto.
    Eu percebi muito bem o texto, espero que se houver outros que o leiam também o percebam.
    Um abraço e, Bfs.
    João

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